quinta-feira, 8 de maio de 2008

12º Companhia Giramundo de Bonecos e Escola Guignard

Companhia Giramundo de Bonecos

O Giramundo é um grupo muito ativo. No campo da produção de espetáculos, criou 33 peças em 37 anos, o que representa quase uma montagem por ano. Este ritmo acelerado foi um dos responsáveis pela formação da significativa coleção de bonecos do grupo, além de formar uma ampla experiência de montagem de espetáculos para teatro de bonecos.

Dois lados coexistem na criação dos espetáculos do Giramundo: um tradicional, interessado pelas formas históricas do teatro de bonecos, e outro experimental, orientado pela pesquisa das possibilidades de encenação com bonecos. Essa dualidade se traduz praticamente em toda a carreira do Giramundo, especialmente nas últimas montagens, onde a introdução do video abriu novas possibilidades de intercâmbio entre teatro de bonecos e video animação.


Escola Guinard
"Nunca acreditei ser professor", afirma Guignard (1896 - 1962), "nasceu sem querer, e vai indo bem, de dia a dia." O tom modesto das palavras do pintor não dá a medida exata de sua importância como professor, responsável por uma das mais bem-sucedidas experiências na área da educação artística no Brasil: a Escola Guignard, criada em Belo Horizonte, Minas Gerais, na década de 1940. A escola forma gerações de artistas plásticos de renome, como Amilcar de Castro (1920 - 2002), Farnese de Andrade (1926 - 1996), Franz Weissmann (1911 - 2005), Mary Vieira (1927 - 2001), Maria Helena Andrés (1 922), Mário Silésio (1913 - 1990), entre muitos outros. Sua marca característica é a falta de ortodoxia, tanto no plano institucional quanto no educacional. Trata-se de um espaço que se mantém livre das amarras burocrático-administrativas que caracterizam as instituições escolares de modo geral - mostrando-se, portanto, avessa a currículos fixos e diplomas, funcionando com base em cursos livres e no trabalho partilhado entre professor e aluno. O método de ensino consiste em levar os estudantes para áreas livres de modo que exercitem a observação da natureza, combinando-a à imaginação criadora, considerada um valor maior da aprendizagem. Aos exercícios de adestramento da mão e de observação da paisagem soma-se a busca da expressão subjetiva e de uma dicção própria.

A origem da Escola Guignard remete ao convite feito pelo prefeito Juscelino Kubitschek (1902 - 1976), em 1943, para o artista dirigir a Escola de Belas Artes. Aceita a tarefa, Guignard muda-se para a capital mineira, Belo Horizonte. Um ano depois, a escola seria fundida à Escola de Arquitetura no então batizado Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte. A resistência de Guignard à integração da escola ao Sistema Nacional de Educação é um dos fatores responsáveis pelo malogro do instituto, que, em 1947, se transforma em Curso de Belas Artes, com três professores contratados: José Martins Kascher, Albe rto Guignard e Edith Behring (1916 - 1996). Em 1948, o prefeito Otacílio Negrão de Lima investe contra a escola, revogando os atos anteriores que asseguram seu funcionamento. Guignard e sua equipe passam a trabalhar num espaço cedido pelo Instituto de Educação, por curto período, transferindo-se, em seguida, para o edifício Goitacazes, com uma subvenção temporária. Em 1950, o fim da subvenção obriga que os cursos sejam dados no prédio inacabado do Palácio das Artes. A despeito das dificuldades financeiras e da falta de uma sede adequada, a escola mantém-se em atividade, com ateliês, aulas e exposições coletivas. Nesse ano, um regulamento designa o perfil jurídico da instituição, agora Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, de ensino especializado em pintura, desenho, escultura, artes decorativas e aplicadas. Guignard é o responsável p ela elaboração do estatuto da escola, e esboça a idéia de um curso superior de belas-artes que funcione de modo livre e autônomo em relação ao Sistema Nacional de Educação e às demais escolas de arte. A partir de 1951, as funções administrativas da escola são delegadas ao seu Diretório Acadêmico, que se torna uma espécie de fundação mantenedora. O falecimento de Guignard, em 1962, encerra uma etapa importante da instituição, cuja história orienta-se então para a formalização do ensino, a despeito de tentativas feitas para manter o caráter livre da escola. No ano de 1973 é criada a Fundação Escola Guignard, que coroa o processo de institucionalização da escola, com o fim dos cursos livres, a desativação do Diretório Acadêmico e a subordinação do corpo d ocente à burocracia universitária. Em 1979, Maria Nazareth e Amilcar de Castro empreendem mais um esforço para manter o espírito original da escola com a criação de um Núcleo Experimental, ligado ao Museu de Arte Moderna, mas que tem vida curta.

A história disponível sobre a Escola Guignard focaliza os anos compreendidos entre 1943 e 1962 como o período áureo da instituição, momento em que Guignard está à frente da escola, conseguindo mantê-la relativamente longe dos constrangimentos político-administrativos. A fase coincide com um momento de modernização de Belo Horizonte e com a renovação do panorama artístico local. A criação do conjunto da Pampulha, projetado por Os car Niemeyer (1907), entre 1942 e 1944, e os projetos de Eduardo Mendes Gusmão e Sylvio Vasconcellos, além das revistas Edifício e Arquitetura e Engenharia, dinamizam os debates sobre urbanismo, arte e arquitetura. A renovação do teatro com João Ceschiatti, João Etienne Filho e Pontes de Paula Lima, a criação do Centro de Estudos Cinematográficos e da Revista de Cinema são outras iniciativas que permitem aferir a temperatura artística na cidade nas décadas de 1940 e 1950. No que diz respeito às artes plásticas, a 1ª Exposição de Arte Moderna, em 1944, com a participação de artistas de diferentes regiões do país, confere visibilidade à produção local e à própria Escola Guignard. Em artigo para o Diário de Notícias, de 29 de outubro de 1944, Mário de Andrade (1893 - 1945) aclama o empreendimento, dando uma medida da repercussão do trabalho realizado, no calor da hora: "Tudo induz a crer que em Belo Horizonte vai se formar dentro de dois ou três anos mais um núcleo forte de artes plásticas no Brasil".

Retirado de:
escola guignard

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